quarta-feira, abril 07, 2004


"A cigana


A cigana me sorveu
Catou-me à rua, tomando-me pelo braço
Sentou-me, Prendeu-me
Fez-me dívidas, súplicas, doenças e amores


Pediu-me dinheiro, neguei
Então, abriu meus pertences, tomou meu dinheiro
E ali em minha frente, rasgou-o sem pena
Fez-me repetir sentenças, rezas, credos e descredos


Assim, saí dali, atônico, caótico
Prometi voltar, se tais desígnios tornarem-se de fato
Trago comigo: um papel rezado e uma pimenta
Pra mói de arder o olho gordo"


A cigana me encontrou nas imediações do Mercado Público em Porto Alegre, enquanto eu me dirigia ao ponto de ônibus, no dia 5 de abril de 2004. Quando ela rasgou meu dinheiro, 2 notas de 5 reais, senti uma coisa estranha, uma guerra em mim entre o desapego e o materialismo.

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